domingo, 14 de fevereiro de 2010

Tom Jobim - Entrevista no programa Roda Viva


                        Tom Jobim

Todas as vezes que Tom abriu o piano, o mundo melhorou. Mesmo que por poucos minutos, tornou-se um mundo mais harmônico, melódico e poético. Todas as desgraças individuais ou coletivas pareciam menores porque, naquele momento, havia um homem dedicando-se a produzir beleza. O que resultasse de seu gesto de abrir o piano - uma nota, um acorde, uma canção - vinha tão carregado de excelência, sensibilidade e sabedoria que, expostos à sua criação, todos nós, seus ouvintes, também melhorávamos como seres humanos. Pela sensibilidade de Tom passaram árvores, peixes, aves, cheiros, cores, sons, expressões antigas, nomes de ruas, trajetos de bonde e costumes perdidos. Esse inventário de sensibilidade , de famílias brasileiras como não se fazem mais, de um Brasil nascido de uma paleta de pintor ou de uma caixinha de música - e, que, acredite ou não, existiu - ficou gravado em sua memória e, um dia, ressurgiria em música e letra. 

Se Mallarmé dizia que "Tout le monde existe pour aboutir à un livre", tudo isso precisou acontecer para produzir Tom Jobim. Sua música se compunha desse universo tão pessoal e o impressionante é que ele a tenha tornado, sem jogos de palavras, tão universal. Os resultados, sob quaisquer aspectos, foram espetaculares. 

Apenas em termos de carreira profissional, eis um exemplo: em 1952, na Rádio Nacional, Tom ajudava a carregar o amplificador do seu amigo Luiz Bonfá, enquanto este ia na frente, levando o violão; apenas 10 anos depois, Tom estava influenciando compositores que já existiam antes dele (como Henry Mancini), que estavam surgindo ao mesmo tempo que ele (como Burt Bacharach) e que ainda nem tinham aparecido (como Jimmy Webb) - isto para ficarmos em três nomes mundialmente reverenciados. O autor dessa façanha, no entanto, pode não ter sido só o músico, mas o homem que havia nele. Era, de fato, um homem iluminado. 

Tom morreu aos 67 anos. Naquela noite de 8 de dezembro de 1994, todos ficamos órfãos do homem que, certa vez, chamou a si próprio de "um aprendiz de ternuras" (Ruy Castro - A Onda que se Ergueu do Mar).



Tom Jobim - Roda Viva - 1ª Parte


Tom Jobim - Roda Viva - 2ª Parte


Tom Jobim - Roda Viva - 3ª Parte


Tom Jobim - Roda Viva - 4ª Parte


Tom Jobim - Roda Viva - 5ª Parte


Tom Jobim - Roda Viva - 6ª Parte


Tom Jobim - Roda Viva - 7ª Parte


Tom Jobim - Roda Viva - 8ª Parte


Tom Jobim - Roda Viva - Final


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